quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Compreender as coisas, significa uma tentativa de retomar o 'retorno às coisas' de Husserl tendo em conta as dissidências de Heidegger e de Derrida, por um lado, e as cinco principais descobertas científicas do século XX, por outro. Estas descobertas são retidas por um critério interno à fenomenologia que é assim reformulada (filosofia com ciências): teoria do átomo e da molécula, no domínio das ciências dos astros; biologia molecular, no domínio das ciências da vida; teoria do interdito do incesto e da correlativa exogamia como laço social primordial (Lévi-Strauss), no domínio das ciências das sociedades; dupla articulação da linguagem (Martinet), no domínio das ciências da linguagem; teoria tópica das pulsões (Freud), no domínio das ciências do psiquismo. Cada um destes domínios é caracterizado por um duplo laço, de que o mais estrito, da ordem da dinâmica energética, é respectivamente as forças nucleares atómicas, o ADN das células, as pulsões sexuais não-conjugais interditas nas unidades de habitação, os fonemas e as letras do alfabeto, as pulsões recalcadas inconscientes. Quatro grandes evoluções históricas se desenham assim: a do cosmos e da terra, a da vida terrestre, a das sociedades humanas e a das suas textualidades no Ocidente e na Ásia, a que se acrescenta a evolução histórica de cada vida humana. (F. Belo)
Há um 'manifesto' que expõe os principais argumentos no blog 'filosofia.com.ciências' (e em francês no 'philo.avec.sciences')

domingo, 14 de agosto de 2011


Fernando Belo

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Entrevista a Fernando Belo a propósito da questão ‘filosofia com ciências’ nos seus livros ‘Le jeu des sciences avec Heidegger et Derrida’ (2007) e ‘La philosophie avec sciences au XX siècle’ (2009), ambos publicados na editora L’Harmattan.


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4.Vou citar uma passagem do teu livro La philosophie avec sciences au XX siècle publicado na editora francesa L’Harmattan em 2009, p.13: “Não se trata aqui de filosofia das ciências. Pois a astúcia reside em restituir à filosofia a amplitude que tinha antes da separação kantiana – que trouxe a autonomia às ciências, libertando-as da metafísica (o que foi um grande bem!), e especializou a filosofia nas tarefas gnoseológicas – a astúcia de fechar dois séculos mais tarde este parêntese kantiano e de fazer aproveitar à nova fenomenologia a dimensão filosófica das diversas ciências que se manifesta nas suas descobertas.”

Poderemos então dizer que as ciências precisam de novo de compreender o que nelas se inscreve filosoficamente após dois séculos do processo de libertação em relação à metafísica inaugurado com Kant?*


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*Por motivos técnicos a questão 4 não foi registada em vídeo.




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8ª questão. A filosofia das ciências parece-me encontrar uma dificuldade - o que também pode ser um grande bem! Desde que leve ao pensar. Uma dificuldade, dizia, que se marca por uma vantagem e uma desvantagem. A vantagem é a de , por um lado, servir de reflexão acerca dos pressupostos que orientam as ciências e suas descobertas, na pretensão de as apoiar nos seus fundamentos filosóficos (e metafísicos?). A desvantagem é a de, por outro lado, servir-se delas para desenvolver as suas pesquisas, mas mantendo-se aquém, uma vez que aquelas ganham sempre, duma maneira geral, mais 'visibilidade', digamos assim, no saber e progresso humanos. Pois um sábio, um cientista, um 'cérebro'*, como se costuma dizer, é geralmente mais tido em conta que um filósofo, um pensador, um intelectual - o que não significa que sabe mais. Mantém-se, portanto, uma clivagem difícil de compreender.
A questão que coloco é a seguinte: a filosofia com ciências virá, se não superar esta dificuldade, pelo menos repensá-la, fazendo com que filosofia e ciências sejam reformuladas a uma outra luz, ou seja, estabeleçam um outro e novo diálogo entre elas?*



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*Transcreve-se a 8ª questão pelo facto de na sua formulação escrita haver um ou outro elemento que nos pareceu relevante e que não foi referido em vídeo.
*P.S. : "Os cérebros que olham para o cérebro", título de um artigo de Ana Gerschenfeld no jornal Público (24/09/2011) a propósito do "I Simpósio Champalimaud de Neurociências" com sessão inaugural de António Damásio.

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'zona (campo) não fenoménica correlativa'

'o dizer-(que)-pensa-o-ser'

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Esse teu reconhecimento de que não és tão decisivo na produção de novas noções, de novos conceitos, abonará a favor do que eventualmente podes trazer de novo no campo da Filosofia e das novas propostas fenomenológicas que tanto defendes?
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'Rdoa => restr -> rreg' (Retiro doador, retiro estrito, retiro regulador)

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Esta entrevista foi realizada por Luís de Barreiros Tavares e registada em vídeo por Milá (Maria dos Milagres) a 22/07/2011 na casa de Fernando Belo em Colares.
Montagem: Milá.
Duração: 64.33 min.
Estruturação do Blogue: Luís Tavares.
Fotografias: Por Teresa Joaquim e Milá.
Apoio informático: Sérgio Lopes.
Câmara: Samsung 65x Intelli-zoom, hyper DIS, Schneider.
Milá: http://epipiderme.blogspot.com



Agradecemos a Fernando Belo ter aceite o convite para esta conversa.

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Café Cintia - Sintra






No caminho - Sintra

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Congratulamo-nos com as cerca de 550 visualizações que este blogue recebeu nas primeiras duas semanas de divulgação.

Um blogue de Fernando Belo e Luís Tavares

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